DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA EM CADA FASE

  • DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA EM CADA FASE

    Assunto: Educação  |   Publicado em: 21/11/2017 às 09:40   |   Imprimir

Para se constituir psiquicamente, a criança passa por diversas fases no seu desenvolvimento, desde o nascimento até a sua idade adulta. Assim como a criança, seus pais também passaram por esse mesmo processo. Essas fases são muito conflituosas, porém necessárias. Esses conflitos não são um efeito de uma inadequação ao mundo exterior, mas de uma situação imaginária que deve, pouco a pouco, simbolizar-se na medida em que a criança vai se construindo face ao Outro. Esse Outro é sustentado pelo discurso da mãe que serve como espelho para a criança.

No momento do nascimento, tanto a mãe quanto a criança passam por um processo de perda com a cesura do cordão umbilical. Para que a criança faça luto dessa perda, a mãe precisa através da função materna oferecer um substituto que permita à criança obter prazer fora do corpo materno. O luto é um processo que a criança precisa passar em cada uma das fases de sua vida para alcançar prazeres ainda maiores partilhados não somente com a mãe, mas também com o pai, outros familiares e posteriormente no convívio social.

As fases pelas quais a criança passa são: fase oral(0 aos 2 anos), fase anal ( 2 aos 4 anos), fase fálica (4 aos 6 anos), fase da latência (6 aos 12 anos), fase genital (12 aos 18 anos).

Na fase oral, a boca é uma zona erógena e o principal objeto de desejo é o seio materno.

Na fase anal, a zona erógena é o ânus, a relação com a mãe ora é passiva, ora é ativa. A higienização excrementícia feita pela mãe proporciona à criança um prazer até o momento em que ela é privada do poder manipulatório partilhado com essa mãe. A passagem dessa fase compreende o desenvolvimento da motricidade e da aquisição da autonomia.

Na fase fálica, num primeiro momento ainda não há a questão da diferença anatômica dos sexos. Nessa fase as crianças apresentam muitas curiosidades, são investigativas, os porquês aparecem com muita frequência e repetitividade assim como os jogos e movimentos sexuais. Somente num segundo momento dessa fase que ocorre o nascimento humanizante de seu desejo genital.

Na fase da latência, ocorre uma tranquilidade sexual, as pulsões são reprimidas e a criança passa a gastar energia nas atividades sociais e escolares. Somente mais tarde, na fase genital, o objeto de prazer passa a ser o outro. É a passagem da sexualidade infantil para a adulta.

Todas essas fases podem acarretar em consequências sintomáticas e patológicas na idade adulta caso não houver um “fazer seu luto” no momento das perdas para a passagem de uma fase para a outra.

Pais que sofrem devido á sua infância não resolvida, tendem a transmitir simbolicamente seus sintomas. Umas das questões que mais acontecem atualmente é a necessidade de manter os filhos nos quartos dos pais. Os pais se desfazem da sua vida sexual e assim, os filhos tornam-se cada vez mais dependentes e inseguros, dificultando assim a formação do seu EU.

Assim como o dormir no quarto dos pais, o banhar-se com os pais também é algo que provoca sentimentos confusos nos filhos. A nudez dos pais pode convocar a criança a uma erotização precoce. É recomendável que o banho seja individual, porque é o momento mais íntimo e particular de cada um, onde ocorre a exploração das zonas erógenas que proporcionam prazer. Esses momentos não devem ser compartilhados com a criança. Pois, o entendimento que ela tem de corpo é muito diferente do entendimento que o adulto tem.

A Escola EMEI Paraíso da Criança de São José do Inhacorá criou um projeto na escola chamado de “ESCOLA DE PAIS: amar também é dizer não”. Esse projeto faz pensar em mudanças significativas tanto no contexto escolar quanto social. Os pais juntamente com a escola promovem conversações, palestras mensalmente abordando assuntos de acordo com a necessidade e demanda das crianças. Os pais vão até a escola de seus filhos assim como os professores e todos envolvidos no processo ensino-aprendizagem vão até os pais e os acolhem para juntos formarem uma infância melhor. No dia 13 de Novembro aconteceu essa abordagem sobre as fases de desenvolvimento das crianças, onde obteve 90% da participação dos pais.

Parabenizo a escola idealizadora desse projeto sendo este um exemplo a ser seguido. Escola e família juntas. Pais educadores, escola mediadora.

 

Rosvani Beuren Pires – Psicóloga

Especialista Clínica

Psicologia Clínica: Escutas da Infância – Unifra – Santa Maria

Transtornos no Desenvolvimento da Infância e da Adolescência: Uma Visão Interdisciplinar – Centro Lydia Coriat – Porto Alegre